sábado, 13 de abril de 2013

Deprimido(a) ou triste?!

Quantas vezes, no dia-a-dia ouvimos "hoje estou deprimid(o)a"? Pergunto: Deprimido(a) ou triste?!
A verdade é que frequentemente estes dois significados são confundidos.

Todos nós sentimentos tristeza, por vezes. Devido a algum acontecimento stressante do quotididiano, ao defraudar de expectativas ou outras experiências que representam fontes de sofrimento. A tristeza tem uma função adaptativa de nos permitir reflectir, pensar, sentir, aquilo que é realmente importante, que nos falta ou que, eventualmente, manifesta a necessidade de mudança.
A tristeza não é um estado de perturbação mental ou de doença psicológica/ psiquiátrica. É um estado transitório que não perturba de modo relevante o funcionamento habitual de cada um e que não tem a intensidade de uma perturbação psicológica. "Hoje (esta semana) estou triste".

A depressão não representa apenas um estado transitório de tristeza. Aliás, entenda-se, a depressão não é apenas tristeza. A depressão representa um estado duradouro, intenso e contínuo na vida diária daquele que dela sofre.
É considerada segundo a classificação formal das perturbações psicológicas/ psiquiátricas como uma doença, dado que representa um estado de enorme sofrimento que invalida o funcionamento habitual do indíviduo. São frequentes as queixas de (para além da tristeza) falta de energia, de motivação para as tarefas habituais (mesmo as que antes representavam fontes de prazer), irritabilidade, pertubações do sono e variação do apetite/ peso, entre outras. O seu diagnóstico formal implica que este estado se prolongue durante várias semanas.
Frequentemente, embora nem sempre se verifique, podem surgir ideias de morte e suicídio.

A depressão é na maioria dos casos tratável ou mesmo curável, sendo muito menor a taxa de perturbações depressivas que assumem um carácter crónico. O seu tratamento passa pela procura de um profissional de Psicologia que possa assumir o acompanhamento psicológico/ psicoterapêutico. Dependendo do quadro clínico desenvolvido, a psicoterapia poderá (ou deverá) incluir também tratamento psicofarmacológico, ou seja, o recurso a medicação prescrita por psiquiátra de acordo com a avaliação da perturbação depressiva.

O efeito da terapia psicológica e da terapia psicofarmacológica revelam grande adequação a este tipo de doença, sendo elevada a taxa de sucesso no seu tratamento. Deste modo, não pedir ajuda técnica especializada, representa o prolongamento de um sofrimento progressivamente mais incapacitante (com a falência das competências para lidar com os problemas), prolongamento este que é desnecessário e evitável.

Além disso, quanto mais prolongada no tempo a trajectória de sintomas depressivos, mais difícil e moroso é o seu tratamento, gerando-se o ciclo (vicioso) de negatividade em que os sintomas se agravam e, com eles, também o disfuncionamento quotidiano o que, por sua vez, contribui também para o próprio agravamento sintomático.
Quebrar este ciclo, implica a procura de profissionais especializados que podem ajudar a identificar as dificuldades, as soluções (mal-sucedidas) já tentadas e contribuir para ajudar o paciente a gerar novas soluções mais adequadas. O terapeuta tem, deste modo, o papel de colaborar no quebrar do ciclo vicioso em que a vivência do paciente está instalada, construindo com este um novo padrão de funcionamento em que as suas competências são estimuladas, desenvolvidas e potenciadas de forma a constituirem recursos válidos que impeçam uma nova "recaída".

DC, 14 de Abril, 2013

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